Desde criança, sempre tive uma inquietação muito grande em relação aos mistérios da vida e da morte. Os meus primeiros contatos com o oculto e com o sobrenatural ocorreram dentro da minha família, constituída majoritariamente por kardecistas e rosacruzes. Aos 12 anos, ganhei do meu avô paterno o meu primeiro livro sobre ocultismo.
Aos 19 anos, em resposta à sede de conhecer o mundo, fui para Londres. Depois de 2 anos, voltei ao Brasil e fiz um curso de System Engineering da Microsoft. Passei os anos seguintes em Istambul, na Turquia, onde trabalhei com TI.
Quando voltei ao Brasil, o chamado espiritual se tornou maduro e intenso. Por isso, passei a buscar caminhos consistentes com o aprofundamento espiritual de que necessitava.
Em 2006, fui iniciado em Xangô, no Candomblé brasileiro. Permaneci ali até 2010, quando conheci o Culto Tradicional Iorubá, isto é, o culto aos Orixás praticado na África, há milênios, sem interferência direta de cultura ou influências filosóficas brasileiras.
Em 2011, fui iniciado em Ifá pelo Bàbáláwo Awodiran Sówùnmí, sendo orientado a, imediatamente, abrir uma Casa de Culto Tradicional no padrão Iorubá. Assim nasceu o Ile Asé Ọ̀sá-Èṣù Sàngóniyi, em homenagem aos Orixás Sàngó, Èṣù e Ìyámi Òṣòròngà.
Em 2013, embarquei na minha primeira viagem à África, onde fui confirmado como sacerdote dos Orixás e propagador da filosofia e das práticas litúrgicas africanas.
Desde então, já são cinco peregrinações espirituais à Nigéria, nas quais passei por ritos iniciáticos, preparatórios, além de aprendizados profundos e transformadores.
Minha família espiritual — a Família Oduduwa — é formada por Iorubás da etnia Egba, radicados na cidade de Abeokutá, Ogum State, Nigéria.
Pratico, como oráculo, o jogo de búzios (Erindilogun), seguindo o método utilizado na minha família africana.
Esclareço que, nessa metodologia, o oráculo é utilizado como ferramenta de diagnóstico das situações enfrentadas pelo consulente.
As quedas dos búzios mostram “odus”, ou seja, caminhos. Elas revelam o que está por trás das situações que a pessoa está vivendo e quais questões espirituais, energéticas, psicológicas ou estratégicas influenciam o momento atravessado pelo consulente.
Dessa forma, a metodologia do jogo de búzios no padrão africano permite identificar o que é ou não possível; o que é ou não aconselhável; o que impede ou atrasa a realização do consulente neste ou naquele aspecto da sua vida. Também mostra quais os melhores caminhos para o consulente alcançar os seus objetivos e aponta soluções: sejam estratégicas ou ritualísticas.
Saliento, por fim, que, conforme a filosofia iorubá, o caminho dos Orixás é um caminho de empoderamento humano e não de salvação religiosa. Ele é um caminho onde se entende que o ser humano possui Ori, ou seja, um Deus interno. Via fortalecimento e empoderamento do Ori, o ser humano passa a ter condições de assumir as rédeas da própria vida.